Candyhttps://amplifi.casa/@/Candy/atom.xml2019-11-13T16:44:05.877663+00:00<![CDATA[Anseios mágicos]]>https://amplifi.casa/~/HistorinhasDoces/anseios-mágicos/2019-11-13T16:44:05.877663+00:00Candyhttps://amplifi.casa/@/Candy/2019-11-13T16:44:05.877663+00:00<![CDATA[<p>Já era noite, e Ritmo ainda estava em um banco em um parque, pensando sobre a luta daquela tarde.</p>
<p>O monstro havia prendido várias pessoas da cidade em "sonhos" pessoais onde tinham tudo o que gostariam, enquanto sugavam sua energia no mundo real até morrerem. Ritmo, e suas parceiras Harmonia e Melodia, tinham que descobrir que estavam em uma realidade alternativa, e destruir uma estátua específica dentro dela para "voltarem" ao mundo real.</p>
<p>Ritmo ainda não havia voltado para casa pelo que tinha visto. Falou para as meninas que queria descansar um pouco, mas na verdade ainda estava processando o que aconteceu.</p>
<p>Sua mentira seria descoberta quando Harmonia voltou ao parque horas depois, em suas roupas civis, levando sua cadela Musa para passear.</p>
<p>— Ritmo! Você ficou aqui esse tempo todo?</p>
<p>— É, eu... estava bem cansa- com bastante cansaço.</p>
<p>— Você já deveria ter se curado totalmente depois de todo esse tempo!</p>
<p>Harmonia percebe que talvez tenha sido insensata, que talvez Ritmo precise de ajuda para se levantar ou andar.</p>
<p>— Precisa de ajuda para sair daqui?</p>
<p>— Não. Eu... percebi agora que estou bem! Vou para casa agora.</p>
<p>— Eu percebi que tem alguma coisa errada aí. É algum tipo de ferimento mágico? Você torceu o pé? Ou...</p>
<p>Harmonia percebeu que a dor de Ritmo parecia mais emocional do que física.</p>
<p>— ...é sobre o sonho? Isso deve ter sido embaraçoso para todo mundo, sabe.</p>
<p>— Eu... sei? Talvez. Eu não tenho certeza. Escuta, você deve precisar levar a Musa para... fazer necessidades. Eu vou para casa agora.</p>
<p>— Ah, eu já cuidei disso quando chegamos no parque. É que eu gosto de dar a volta toda para ela fazer mais exercício. Vamos voltar juntas, a gente mora no mesmo lado! Se quiser, pode me contar o que houve, eu juro que não vou te julgar.</p>
<p>— ...Tá bom. Eu acho que tenho que contar uma coisa... mais cedo ou mais tarde.</p>
<p>Ritmo levantou, e começou a andar ao lado de Harmonia em direção às suas casas. Musa pareceu feliz de não ter que ficar mais parada, e Harmonia teve que segurar sua coleira para que Musa não fosse muito longe.</p>
<p>Houve uma pausa na conversa, enquanto Harmonia esperava Ritmo falar. Não queria apressar Ritmo e parecer insensível; isso parecia ser algo importante. Depois de alguns minutos, Ritmo quebrou o silêncio.</p>
<p>— Eu sou trans. Não sou uma menina.</p>
<p>— Bom, isso... faz sentido. Eu acho.</p>
<p>— Hã? Você suspeitava?</p>
<p>— Bem. Tudo isso poderia ter outras explicações, sabe? Mas seu uniforme na transformação é o único que não tem saia, você fez o papel de príncipe naquela peça da turma ano passado, você não gosta de ter cabelo comprido...</p>
<p>Ritmo não fala nada pela sua surpresa de sua rápida aceitação, mas não sabe se seus olhos estão lacrimejando pela felicidade ou pelo que está a vir.</p>
<p>— Mas é estranho. Eu não achei que um menino pudesse ser uma menina mágica. Até porque a gente conheceu meninas mágicas trans.</p>
<p>— Para ser since- hã, para falar a verdade, eu não sei bem se sou um menino.</p>
<p>— Então você é...?</p>
<p>— Eu quase não tenho gênero. Sinto que estou mais para um lado masculino do que para um lado feminino, mas de forma meio... fraca, eu não ligo tanto assim para isso e não me importaria com um mundo sem isso. Acho que gênero-cinza, um termo que descobri pesquisando por aí, me representa bem.</p>
<p>Há uma pausa, enquanto Ritmo pensa no que dizer e Harmonia processa as informações.</p>
<p>— O meu sonho era que as pessoas não me considerassem menina. Bom, tinham mais coisas, mas era isso o que me preocupou. Porque eu já tava pensando nisso fazia um tempo, mas preferi esconder.</p>
<p>— Mas por quê? A gente ainda vai gostar de você!</p>
<p>— Eu sei! Mas se eu não me considerar menina, como vou lutar como uma menina mágica? Eu quero ainda ajudar vocês, mas não vou poder fazer isso se meus poderes sumirem. — As lágrimas começaram a cair dos olhos de Ritmo.</p>
<p>— Eu não acho que isso vai acontecer. Não existem meninos mágicos, até onde sei. E eu também não conheço nenhuma pessoa não-binária no ramo. Mas, se você já tem seus poderes, eu não acho que você perderia eles do nada. Se você foi escolhi... hã, como quer que eu me refira a você? Escolhido? Escolhide?</p>
<p>— Qualquer coisa que não tenha a no final tá bom. Talvez eu decida algo mais específico depois, mas não sei agora.</p>
<p>— Tá bom. Então, se te escolheram para isso, eu acho que você já tinha tudo o que precisava, mesmo com a identidade de gênero que você tem de verdade. Coisas mágicas são mais profundas do que o que você diz ou acha sobre si mesme. Vai ficar tudo bem.</p>
<p>— Obrigado, Moni. Obrigado mesmo.</p>
<p>Es dues adolescentes param para se abraçar, e depois disso conversam sobre assuntos mais banais, até se despedirem quando precisam se separar para cada ume ir para sua casa.</p>
<p>Ritmo sofreu um pouco por meninas mágicas fora do time estranharem alguém que não é menina fazer o mesmo que elas. Mas a maioria se acostumou, ao ponto de vozes contra a identidade de Ritmo serem uma minoria tão pequena que não ousavam ir contra elo em voz alta.</p>
<p>Quando Ritmo perdeu seus poderes, foi anos depois, junto ao resto de sua equipe. Mas Ritmo ficou famosi, a ponto de outres menines mágiques o procurarem para desabafar e perguntar coisas mesmo depois disso.</p>
]]><![CDATA[Irmandade não-binária]]>https://amplifi.casa/~/HistorinhasDoces/irmandade-não-binária/2019-11-13T15:07:46.958223+00:00Candyhttps://amplifi.casa/@/Candy/2019-11-13T15:07:46.958223+00:00<![CDATA[<p><em>História originalmente postada no Wattpad <a href="https://www.wattpad.com/myworks/183631268/write/715838700" rel="noopener noreferrer">aqui</a>.</em></p>
<p>Jasmim não queria ir ao baile. Íli queria dançar, ver sues colegas arrumades, talvez provar comidas novas, mas não queria usar nenhum tipo de terno ou vestido.</p>
<p>Um terno ou vestido formal seriam inadequados na opinião de Jasmim. Os modelos remetem a íli de como o mundo quer que íli se encaixe em homem ou mulher. Uma roupa casual também faria Jasmim se sentir menor.</p>
<p>Jasmim adoraria usar um vestido estampado com animais fofinhes, flores estilizadas ou doces bonitinhos. Mas íli não queria ter que lidar com piadas, risadinhas, comentários sobre íli parecer "uma boneca" ou "uma menininha".</p>
<p>Jasmim estava preparadi para ficar a noite inteira em seu quarto, brincando de festinha com suas pelúcias. Talvez isso fosse algo infantil para umi adolescente, mas era um jeito díli se distrair, afinal seu grupo de amizades estaria no baile.</p>
<p>Até que seu irmão, Alex, bateu na porta.</p>
<ul>
<li>Jas, tá pronti?</li>
</ul>
<p>Jasmim colocou rapidamente suas pelúcias no lugar, destrancou a porta, e explicou que não tinha roupas boas para ir ao baile.</p>
<p>Alex parecia ter um misto de tristeza e raiva no rosto, mas esperou um momento para acalmar-se.</p>
<ul>
<li>
<p>E por que você não me falou isso antes?</p>
</li>
<li>
<p>Porque achei que ninguém ia se importar. Iam achar que eu fiquei doente ou coisa assim.</p>
</li>
</ul>
<p>Alex, sendo transmasculino, deveria entender o sentimento de não comparecer a eventos por causa de sua disforia, mesmo que atualmente já fosse visto como homem. Alex era não-binário, mas não se importava em ser tratado como homem para quem não conseguia pensar além do binário.</p>
<ul>
<li>
<p>Tá. Você quer sair junto comigo e fazer outra coisa?</p>
</li>
<li>
<p>Você não tinha planos pra hoje?</p>
</li>
<li>
<p>Sim, mas não quero te deixar sozinhi assim. Quer... tomar sorvete?</p>
</li>
</ul>
<p>Jasmim assentiu, e foi se arrumar para sair.</p>
<p>Es dues irmanes foram numa sorveteria, conversaram sobre as similaridades e diferenças da disforia que sentem, e então entraram no assunto do que faria Jasmim confortável.</p>
<ul>
<li>
<p>E se você usasse um terno com uma saia? Seria um visual bem andrógino.</p>
</li>
<li>
<p>Mas eu não sou andrógine...</p>
</li>
<li>
<p>Tá, um visual não-binário.</p>
</li>
<li>
<p>Então... geralmente eu não falo isso, mas meu gênero é gênero-fofo. Me sinto confortável usando coisas fofas, não coisas que confundem a cabeça ou que ficam entre homem e mulher. Mesmo que eu também não consiga usar coisas femininas demais, porque sei o que es outres pensam.</p>
</li>
<li>
<p>Isso explica bastante coisa.</p>
</li>
<li>
<p>É.</p>
</li>
<li>
<p>Mas eu não vou zoar. E não vou ficar falando, se você não quiser. Nossos gêneros são o que são. A maioria também não entende como eu posso ser não-binário se pareço agir como homem trans. E se eu posso ser transmasc e não me encaixar muito bem em homem, você pode ter uma identidade baseada em coisas fofas sem ser feminini ou mulher.</p>
</li>
<li>
<p>Obrigadi por entender...</p>
</li>
<li>
<p>De nada. Vamos voltar pra casa e procurar umas roupas pra próxima festa?</p>
</li>
<li>
<p>Tá bom. Obrigadi mesmo.</p>
</li>
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<p>Jasmim sorriu, o que fez Alex sorrir também. Ambes voltaram para casa e passaram horas na internet pesquisando sobre estilos alternativos que se encaixariam no que Jasmim precisaria para se sentir confortável.</p>
<h4>Epílogo</h4>
<p>Era o aniversário de Jasmim, que tinha decidido convidar sues amigues do colégio, seu irmão e algumas amizades dele, para ir numa pizzaria.</p>
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<li>
<p>Aliás Jas, você vai nos 15 anos da Carla? Porque o traje vai ser... formal, sabe. - Miriam, uma das amigas de Jasmim, evidentemente não queria trazer memórias ruins, mas não o suficiente para evitar esse assunto.</p>
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<li>
<p>Sabe, eu até queria, mas... sei lá. Nem sou tão próximi dela, e ainda não tenho roupa.</p>
</li>
<li>
<p>Achei que você já tivesse resolvido isso no dia do baile?</p>
</li>
<li>
<p>A gente viu possibilidades, mas roupas são caras.</p>
</li>
</ul>
<p>Alex levantou de forma desajeitada.</p>
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<li>Eu posso ter uma solução pra isso! Esperem aí.</li>
</ul>
<p>Logo depois, Alex saiu da mesa.</p>
<p>Jasmim olhou Alex indo embora, depois voltou a olhar para o resto da mesa, com uma expressão confusa.</p>
<ul>
<li>Como assim?</li>
</ul>
<p>O resto das pessoas da mesa parecia esconder alguma coisa, mas logo mudaram de assunto.</p>
<p>Alguns minutos depois, Alex voltou com uma caixa grande, e a deu para Jasmim.</p>
<ul>
<li>Toma. É seu presente.</li>
</ul>
<p>Miriam também interviu:</p>
<ul>
<li>E muita gente ajudou a comprar ele!</li>
</ul>
<p>Jasmim abriu a caixa. Nela, estava dobrado um traje de festa, composto de uma bermuda lavanda num tecido de terno, que parecia ser justa, de uma camisa em estilo vitoriano azul clara com estampa de pequenas coroas estilizadas amarelas e laço amarelo, de um colete da mesma cor da bermuda, mas de um tecido mais suave e macio, e de uma boina também lavanda, mas com uma pequena flor de jasmim bordada em uma das laterais.</p>
<p>Para a maioria das pessoas, talvez aquele traje fosse ridículo, infantil, mal-pensado; assim como a própria identidade de gênero de Jasmim.</p>
<p>Mas, para Jasmim, aquilo nada mais era do que o presente mais dedicado que poderia receber: uma roupa formal que cumpria com todas as suas expectativas.</p>
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