Uma rede de mentiras

Um breve comentário sobre as mídias sociais tradicionais

As redes sociais, como instrumento de troca de informação entre grupos de cidadãos, há muito tornou-se inútil para este propósito. Uma rápida olhada em qualquer rede social, como Facebook, Instagram e Twitter, é o suficiente para perceber o mar de lama que se tornaram.

No Facebook podemos notar um vasto material político e de entretenimento inútil, além das Fake News que hoje praticamente ditam o ritmo daquela rede. O conteúdo, criado cirurgicamente para pegar os desavisados, tornou-se cruel, porém efetivo, em transformar usuários leigos em eleitores devotos de políticos inescrupulosos. Depois do escândalo da Cambridge Analytica, era de se supor que os usuários sairiam dela em nome do bom senso. Enganaram-se aqueles que, assim como eu, acreditavam que a população em geral estava dotada desta qualidade. O criador da rede, mesmo acuado pelo congresso americano, não deu explicações razoáveis, nem se responsabilizou pelo ocorrido. Como a maioria dos nerds, de oprimido virou opressor, e tomou gosto pela coisa, e assim escolhe cada um dos presidentes do planeta.

O Instagram é lar do Ego. Nada contra postar fotos de momentos felizes (ninguém nunca tirou retratos de momentos infelizes de suas vidas antes, por que fazer agora?). Mas não é este ponto. As pessoas não estão postando fotos de momentos felizes de suas vidas. Ali, muitas fingem serem felizes apenas para postar uma foto. Diversas vezes me peguei num local onde a pessoa pára, sorri, tira uma selfie, e depois segue cabisbaixa. As modelos que lá fazem fama vendem produtos que não usam para um público que não compra. Como estas marcas ainda anunciam uma maquiagem com uma moça cujo público em sua maioria é masculina, e que nem presta atenção ao que ela tem nas mãos? É uma verdadeira bolha de Egos, das pessoas e das marcas, todas querendo vender algo que não são, para pessoas que não se importam.

O Twitter já era uma rede toxica, mas nos últimos dias assumiu de vez seu lado de extrema direita, apagando postagens de perfis de esquerda sem motivos e permitindo que políticos e influencers de extrema direita postem fotos de cadáveres, assédio, machismo, racismo e qualquer outro meio torpe. Ontem, esta rede colocou o prego final que faltava em seu caixão ao se vender para um bilionário republicano. Os que ainda mantém contas lá o fazem pelo ego e pela preguiça. Muitos possuem seguidores demais para sair e recomeçar em um local novo. São apóstolos de sua própria religião com seguidores hereges.

Não são apenas estas as redes, mas são notáveis pelo número de usuários e como suas moderações funcionam. Todas as três mencionadas pregam a diversidade, igualdade e confiabilidade, mas às claras vendem seus usuários para empresas para moldar a política e a cultura local. São responsáveis pela onda de políticos que estão no poder, e estão encaminhando o planeta inteiro para a destruição da democracia.

A massagem no ego, com chuva de notificações, aumento de seguidores e compartilhamentos, mantém os vaidosos e fracassados. Aqueles que por algum motivo no mundo real não possuem atenção suficiente, buscam em estranhos likes o abraço que não recebem fisicamente.

O beijo foi trocado pelo compartilhamento. O olho no olho pelo comentário frio numa tela negra. Ninguém mais é humano, sem social. As redes sociais deixaram os humanos mais afastados de sua sociedade. Nem social, nem humano. Assim as redes nos destroem como cultura e como seres dotados da capacidade de trabalharem unidos.

Saia das Redes!
Albert