Atração arromântica

E se eu te contasse que sinto atração arromântica pelas pessoas?

Em primeiro lugar, eu tenho que avisar que talvez quem leia esse texto saia sem entender nada. Descrever experiências com atração pode ser complexo, e convenhamos, eu não sou exatamente a melhor pessoa pra explicar os próprios sentimentos.

Mas é isso que o título do texto está dizendo. Eu me sinto atraída arromanticamente pelas pessoas.

1 Tentando explicar

Eu sempre lutei pra entender se eu sinto atração romântica ou não. Já me identifiquei como alorromântica, como arromântica ou como alguém do espectro aro que sente atração romântica em algum grau ou intensidade (ex: demi, gris, arofluxo e etc). Uma maré de confusões. Mas ultimamente, cada vez mais eu ando notando que eu não sinto atração romântica por ninguém, por mais que exista períodos de tempo onde minha mente insiste que eu sinta (o que acontece mais vezes do que eu gostaria). É isto, eu sou arromântico. Minha arromanticidade está aqui e ela é tão palpável quanto o chão sob os meus pés.

1.2 A atração emocional oculta que eu não conseguia desvendar

Existe uma atração que sinto, que eu nunca consegui classificar direito. Antes achava que era atração romântica, mas depois cheguei a interpretá-la como atração queerplatônica ou alternativa. Quer dizer, eu acho que talvez ela ainda possa ser considerada como alternativa, mas sei lá.

Depois de pensar bastante sobre o que diabos essa atração é, o único consenso que eu alcancei foi de que: Eu só posso categorizar ela como arromântica.

— Como caracterizar essa atração? Aqui alguns pontos:

• Ela é totalmente separada de aspectos relacionados à atração romântica. Se a atração romântica está de um lado, ela está de outro. É como se fossem opostas.

• É o gênero-nulo das atrações. Ela é caracterizada por dar tangibilidade à intangibilidade dela. Ao invés de eu sentir uma ausência no lugar de atração romântica, eu sinto algo concreto que só pode ser descrito como minha própria arromanticidade.

• Ela é caracterizada pelo desejo de estar com alguém arromanticamente. Sem conotações românticas. É priorizar a arromanticidade nos relacionamentos, ao ponto deles estarem intrinsecamente ligados um ao outro.

• Ela é complexa como o gato de Schrodinger, mas não é a mesma coisa que ser schrodiromântique.

E é isto. Eu não sei se faz sentido, mas quando eu paro pra analisar essa atração, a única coisa que eu consigo associar a ela é minha arromanticidade. Não há como descrevê-la de outra forma.

Agora eu finalmente entendo o porquê de eu me sentir desconfortável em me identificar como [insira uma orientação aqui] –queerplatônique, –alternative e etc. Porque essa atração que eu sinto não é nenhuma delas.

Quando eu falar que sou [insira uma orientação aqui] –arromântica daqui pra frente, é porque estou rotulando minha orientação a partir desse conceito.

(Edit: 21/12) 1.3 Adentrando mais no assunto

  1. Qual a diferença dessa atração pra atração queerplatônica? Por que não só nomear ela como queerplatônica?

Novamente, eu não me sinto confortável em considerá-la queerplatônica ou como qualquer outra atração emocional não-romântica. Porque pra mim não faz sentido. Eu pessoalmente vejo atrações como estando em planos diferentes. Rotular ela como queerplatônica seria considerá-la em outro plano, e pra mim, essa atração pertence ao mesmo plano da minha falta de atração romântica. Como eu disse anteriormente: Eu só consigo descrevê-la como arromântica.

Em segundo lugar, eu me sinto desconfortável com o termo “queerplatônique” por causa da associação com platonicidade. Claro, há pessoas aplatônicas que usam o termo e o não o associam com atração platônica. Mas ainda assim, é algo que me incomoda.

  1. Mas descrever falta de atração como uma atração não é contraditório?

É. Eu criei esse termo pra ser paradoxal mesmo, porque minha própria atração é um paradoxo pra mim. E também porque eu não consigo desatrelar minha conexão emocional com as pessoas da minha arromanticidade. É simplesmente impossível.

  1. Não é um termo muito confuso?

Eu admito que não é um conceito perfeito. Talvez eu não tenha formulado direito. Talvez eu esteja me baseando demais nas minhas experiências, mas o importante é que isso é o que faz mais sentido pra mim no momento. E eu acredito que também pode ser muito útil pra pessoas com experiências iguais as minhas.

Considerações finais

Considere isso como um post de cunhagem. Talvez eu não seja a primeira pessoa a propor isso, mas pelo menos fica aí o meu registro sobre minhas experiências.

Espero que eu tenha feito algum sentido.

Muito obrigado pela sua atenção!