Alguns termos relevantes em comunidades sobre justiça social

Aviso de conteúdo: vários tipos de contribuições com opressão e exclusão são mencionados em exemplos.

Eu estava escrevendo esta postagem e percebi que seria útil definir alguns termos usados no texto, e apontar que alguns comportamentos podem parecer inocentes quando são problemas recorrentes.

Como aquele texto já é bem longo e vários dos termos não eram tão relevantes, decidi colocar isto à parte.

Caso você tenha vindo de outro lugar, procurando por uma palavra específica, tente usar a função de busca de seu navegador (é por isso que cada termo está listado com múltiplas alternativas, quando é possível).

Termos traduzidos são priorizados quando disponíveis, mas há termos que simplesmente não possuem equivalentes fora da língua inglesa.

Definições de termos que descrevem opressão/discriminação (racismo, capacitismo, misoginia, etc.) ou coisas específicas dentro de certa opressão/discriminação (reducionismo de gênero, slut shaming, etc.) não estão disponíveis aqui. Caso você tenha interesse, Vitor Rubião tem umas listas disso aqui e aqui.

A

Aliades, aliados, aliadas, ally, allies

Aliades são pessoas que tentam auxiliar grupos marginalizados aos quais não pertencem, ajudando-os a combater sistemas opressivos e discriminação. Tem uma série de questionamentos envolvendo o termo, mas não vou entrar neles aqui.

Apitos de cachorro, apito de cachorro, dogwhistles

Apito de cachorro é algo que parece inofensivo, mas que sinaliza uma ideia maior para certos grupos. Assim, é possível espalhar retórica nociva compartilhando postagens que parecem inocentes ou legais.

Por exemplo, "cishet" originalmente se referia a pessoas cisgênero e hétero, mas nos últimos anos se tornou um sinônimo para pessoas assexuais/arromânticas/etc. que também sinaliza que não fazem parte de comunidades "LGBT+". Assim, alguém pode dizer "cishets não são LGBT", algo que "parece óbvio" e que assim é espalhado por pessoas que não sabem da associação cishets = pessoas a-espectrais, e, quando pessoas a-espectrais reclamam do alossexismo implícito, a pessoa que postou pode dizer "ué, estão admitindo que são cishets então?" e trazer mais gente pro seu lado.

Avisos de conteúdo e avisos de gatilho (content warning/trigger warning)

Avisos de conteúdo são avisos dados sobre o que algo contém. Cada comunidade tem suas regras sobre que tipo de conteúdo precisa de aviso ou não.

Algumas pessoas acham que avisos de conteúdo precisam ser a mesma coisa que avisos de gatilho, que são avisos dados para que alguém com certo trauma possa evitar certo assunto traumático, mas isso não é verdade.

Algumas pessoas podem não querer engajar com certo conteúdo em alguns contextos e em outros sim. Algumas pessoas podem não ter reações extremamente negativas a algo, mas ainda ter desgosto e querer um aviso antes de engajar com certos assuntos. Algumas pessoas podem sentir certo desconforto com certos assuntos sem ser algo extremamente ruim.

Avisos de conteúdo não censuram nada, apenas deixam pessoas poderem escolher se querem lidar com certos assuntos (no momento) ou não.

Por isso, também é importante não fazer piadas usando avisos de conteúdo como parte da piada (fazendo com que pessoas se preparem mentalmente para alguma coisa ruim quando é só uma piada ou um trocadilho).

Além disso, é importante ressaltar que avisos de gatilho não são necessariamente assuntos considerados pesados para a maioria das pessoas (como morte ou abuso). Gatilhos podem ser formados de diversas formas e por diversos motivos. Algumas pessoas podem precisar de avisos de gatilho para postagens que contém certos animais, certos tipos de comida, certas músicas, etc.

"Mas o que eu preciso avisar então?" Vai depender da comunidade e/ou das pessoas em volta. Algumas comunidades podem requerer aviso de conteúdo para falar sobre política, outras não. Algumas pessoas podem pedir para que outras pessoas avisem quando vão postar sobre certa banda, mas isso não significa que todo mundo no mundo precisa avisar quando vai postar sobre aquela banda.

C

Call-in, call in, callin, calling in

É falar com alguém de forma privada quando a pessoa fez algo que não devia.

Por exemplo, se alguém fez uma postagem dizendo que multi é um rótulo desnecessário porque é só usar bissexual, ao invés de mostrar como a pessoa é ignorante em público, você pode fazer um call-in, chamando a pessoa por um método privado e explicando porque a postagem dela prejudica pessoas multi que não são bissexuais.

Leitura recomendada: Calling In: A Quick Guide on When and How - Everyday Feminism

Call-out, call out, callout, calling out

É expor publicamente que uma pessoa fez algo que não devia.

Por exemplo, se uma pessoa fez uma postagem dizendo que multi é um rótulo desnecessário porque é só usar bissexual, ao invés de tentar conversar com a pessoa, você pode fazer um call-out, uma postagem pública expondo que a pessoa é anti-multi, que pode ou não explicar os motivos disso.

Enquanto call-ins geralmente são feitos para que a pessoa aprenda sem que outras a estejam julgando, call-outs geralmente são feitos para que a pessoa seja exposta como alguém que fez certa coisa e que portanto deveria ser bloqueada/excluída em massa.

Em comunidades onde há moderação ativa, call-outs não são necessários, em geral, e até são proibidos pelas regras de convivência de várias comunidades.

Concern trolling

Em geral, trollagem é associada com tentar enganar alguém por diversão, ou com xingar/fazer chacota com alguém constantemente sem ligar para as respostas da pessoa, ou fazendo chacota de tudo o que a pessoa diz.

Concern trolling, em geral, é algo mais refinado: é fingir que se preocupa com alguém, com algum grupo ou com alguma causa, mas ainda ter o objetivo de não prestar atenção no que tal pessoa/grupo/causa expressa ou está tentando mostrar.

É possível que alguém que esteja fazendo concern trolling nem perceba que está fazendo isso, porque simplesmente acha que já sabe de tudo sobre a situação e que seu ponto de vista é melhor.

Exemplos de concern trolling:

  • Alguém falar para um grupo de ativismo gordo que se querem que pessoas parem de ser oprimidas por serem gordas, é só se esforçar para emagrecer;
  • Alguém sugerindo para uma pessoa trans que talvez ela fosse mais feliz se fingisse ser cis a vida inteira;
  • Alguém discutindo continuamente sobre ser muito difícil levar questões de justiça social a sério quando pessoas marginalizadas fazem chacota de grupos opressores ou demonstram sentimentos negativos em relação à sua marginalização.

D

Discriminação

Em contextos de justiça social, discriminação é o tratamento injusto de algo ou alguém baseado em um grupo que a pessoa pertence, ou algo que contribui para isso.

Geralmente, discriminação é baseada em algum tipo de opressão sistemática.

Dogpiling

É um monte de gente vir pra cima de uma pessoa só, de forma que não tem como a pessoa responder a todo mundo separadamente.

Dogpiling pode ou não:

  • Ser algo planejado dentro de um grupo;
  • Ser algo feito especificamente para tornar a caixa de e-mails/as notificações da pessoa/as respostas às postagens da pessoa inúteis;
  • Ser composto da mesma mensagem sendo repetida inúmeras vezes.

Muitas vezes, call-outs encorajam dogpiling.

E

Eixo de opressão

São características que fazem com que alguém seja ou não seja privilegiade em certo aspecto.

Identidade de gênero é um eixo, modalidade de gênero é outro, raça é outro, orientação é outro, corporalidade é outro, poder aquisitivo é outro, neurotipo é outro, e assim por diante.

Vale lembrar que, mesmo que se chamem eixos, está mais para uma pirâmide com alguém no topo e com diferentes lados tendo diferentes problemas.

Por exemplo, uma pessoa neurotípica está no topo da "pirâmide" de neurotipos, mas pessoas autistas, plurais, com depressão e com transtorno obsessivo-compulsivo podem enfrentar lados diferentes de capacitismo anti-neurodivergente. Alguém também pode pertencer a mais de um desses neurotipos ao mesmo tempo, e enfrentar discriminações diferentes por cada uma dessas coisas (além de coisas extras por pertencerem a mais de um desses grupos ao mesmo tempo).

F

-fobia, -fóbique, -fóbico, -fóbica

Um sufixo muito utilizado para caracterizar opressão, discriminação, intolerância ou preconceito (como em homofobia, transfobia ou xenofobia).

Porém, algumas pessoas/comunidades estão tentando parar de usar tal sufixo, já que ele encoraja muita gente a pensar em intolerância como uma doença mental e simplifica o que são discriminações.

Mais uma leitura sobre isso: Discriminações não são fobias

G

Grupo marginalizado, grupo minorizado, grupo oprimido, identidade marginalizada, identidade oprimida, minoria

Todas estas terminologias se referem a grupos que sofrem sob opressões sistemáticas. Alguns sinais de que um grupo pode ser marginalizado são:

  • É comum que pessoas sejam excluídas de grupos sociais (amizades, família, grupos dedicados a certos assuntos, etc.) por fazerem parte do grupo;
  • É comum que pessoas sejam alvos de violência física, verbal e/ou sexual por fazerem parte do grupo;
  • É comum que presumam que pessoas tenham certa característica ou personalidade não relacionada com o que significa ser do grupo apenas por fazerem parte daquele grupo;
  • É comum que, por fazerem parte do grupo, pessoas sejam consideradas menos desejadas para terem certo(s) tipo(s) de relacionamento(s), preencherem certas vagas de emprego, receberem atenção em certos contextos, etc.;
  • É comum que o vocabulário desenvolvido por pessoas dentro do grupo seja desvalorizado e considerado desnecessário por partir do contexto daquele grupo;
  • É comum que as identidades, experiências e preocupações do grupo não sejam levadas a sério, como se só as opiniões de pessoas de fora do grupo fossem importantes e dignas de consideração.

(É comum aqui não significa que acontece sempre e com todas as pessoas do grupo, e sim que quando isso acontece é algo que não é somente uma exceção.)

Eu não gosto de usar o termo minoria porque, embora neste contexto signifique minoria de poder e não necessariamente de número, termos como grupos marginalizados ou pessoas minorizadas mostram melhor que tais grupos/comunidades/pessoas não estão naturalmente fora de posições de poder, e sim são mantidos fora delas. Porém, eu não diria que minoria é necessariamente um termo problemático.

Grupo privilegiado, maioria

É o grupo que não é marginalizado, e que portanto tem privilégio, por não sofrer sob uma opressão sistemática (ao menos em certo contexto).

Enquanto pessoas indígenas, negras, asiáticas e de diversos outros grupos étnicos/raciais são grupos marginalizados, pessoas brancas são um grupo privilegiado, por exemplo.

I

Identidade

É uma característica de uma pessoa. Em contextos de justiça social, geralmente se refere a características que fazem com que alguém seja de um grupo marginalizado ou privilegiado.

Ocasionalmente, há a ideia de que isso só se aplica para orientações, identidades de gênero e às vezes outras coisas que dependem de auto-identificação, mas coisas que dependem de características físicas ou que são consideradas "mais óbvias/imutáveis" também são identidades.

Intolerância, intolerante, bigotry

Em contextos de justiça social, alguém intolerante é alguém que não aceita que está cometendo alguma discriminação, ou que não acha que alguma discriminação é errada.

Também é possível usar -intolerância/-intolerante como substituição para -fobia/-fóbique, como em transintolerância ou transintolerante.

J

Justiça social, social justice, JS, SJ

A ideia de que todas as pessoas merecem acesso a direitos e deveres básicos, como alimentação, saúde, moradia, tratamento justo, etc.

M

Microagressões, micro-agressões

São pequenas ações, que podem ou não ser propositais, que acabam prejudicando alguém, especialmente em grande quantidade. Em espaços relacionados com justiça social, geralmente se fala de microagressões quando estas estão vinculadas a algum tipo de discriminação.

Algumas microagressões que podem acontecer nesse contexto são:

  • Uma pessoa não conseguir explicar porque ela gosta menos de tal coisa, quando o motivo provavelmente tem a ver com o envolvimento de algum grupo marginalizado naquela coisa;
  • Uma pessoa não quer/não gostaria de ter envolvimento social, romântico e/ou sexual com pessoas de certo grupo marginalizado (como se todas tivessem certa característica indesejada);
  • Uma pessoa quer ter envolvimento social, romântico e/ou sexual apenas/preferencialmente com pessoas de certo grupo marginalizado da qual ela não faz parte (como se todas tivessem certas características desejáveis específicas);
  • Piadas "inofensivas" excessivas/indesejadas sobre uma identidade;
  • Piadas, retórica ou termos que igualam ser de um grupo marginalizado a ser algo ruim;
  • Utilização de coisas criadas por pessoas marginalizadas de forma que deturpa e apaga o sentido original delas;
  • Diminuição da importância de uma identidade;
  • Diminuição do impacto de uma opressão ou de coisas que ocorrem por conta de opressão (inclusive em relação a microagressões);
  • Comparação de opressões ou de coisas que ocorrem por conta de opressão para diminuir a discriminação que alguém ou algum grupo sofre ou sofreu.

-misia, -mísique

Uma forma comum de evitar o sufixo -fobia/-fóbique.

Então, por exemplo, uma lei que não permite que pessoas percebidas como do mesmo gênero troquem qualquer tipo de afeto em público é queermísica, e a discriminação contra pessoas de outras regiões ou de outros países pode ser chamada de xenomisia.

O

Objetificação

É tratar alguém ou algum grupo como objeto.

Pode se referir a tratar certo grupo como apenas uma força de trabalho, ou agir como se fosse dever de pessoas de certo grupo darem satisfação sexual a qualquer pessoa que assim desejar, entre outras possibilidades.

Muitas vezes, isso tem a ver com a utilização de estereótipos, como achar que todas as mulheres trans estão desesperadas para transar com homens cis, ou como achar que todas as pessoas a-espectrais precisem ter relacionamentos com pessoas que "as consertem".

Opressão reversa, discriminação reversa

Termos geralmente usados quando grupos marginalizados fazem generalizações sobre grupos privilegiados. Geralmente usam termos mais específicos que partem dos termos que se referem a cada opressão, como misandria, racismo reverso e heteromisia.

Em geral, isso não deve ser levado a sério.

Não importa o quanto alguém disser que odeia pessoas brancas/hétero/cis/neurotípicas/magras/etc., isso não tem o mesmo peso do sistema por trás, ao contrário de quando algo é feito contra um grupo oprimido. Geralmente, frases do tipo são usadas ou para chocar e chamar atenção para questões ligadas com opressão, ou para desabafar com outras pessoas do mesmo grupo marginalizado. E, mesmo que você não concorde em usar isso como tática, gastar sua energia reclamando disso ao invés de usar outras táticas é policiamento de tom.

Existem casos nos quais essas coisas são realmente usadas como uma cortina de fumaça para reclamar de grupos marginalizados dos quais alguém não gosta. Por exemplo, muitas postagens reclamando de "homens querendo entrar no banheiro feminino" na verdade estão tentando gerar ódio contra mulheres trans. E muitas postagens sobre "pessoas hétero invadindo a comunidade LGBT" são sobre pessoas trans, não-binárias, intersexo, cuja atração é fluida, do espectro assexual, do espectro arromântico, que sentem atração por mais de um gênero, ou de outros grupos que deveriam ser considerados parte da comunidade.

Também tem vezes que, mesmo não sendo postagens com xingamentos genéricos, são situações específicas usadas para excluir pessoas. Como uma mulher branca sendo racista e desviando de comentários de homens racializados sobre isso porque "são homens e portanto opressores", ou pessoas tentando impedir homens trans neurodivergentes de serem reconhecidos como homens trans porque "são só mulheres confusas por conta de seu neurotipo e de não se encaixarem em estereótipos misóginos".

Mas é importante notar que mesmo nestes casos, não são realmente grupos privilegiados que estão sendo prejudicados, e sim grupos marginalizados.

Opressão sistemática, opressão estrutural (ou só opressão)

Uma opressão estrutural é [...] uma submissão conseguida pela força e que é mantida através de um conjunto organizado, sistematicamente.

(Fonte)

É uma opressão mantida e perpetuada por um sistema presente em cada sociedade, com o objetivo de manter certos grupos com poder e privilégio e certos grupos sem.

P

Palavra estigmatizada, palavra com estigma

Palavra estigmatizada não é bem um sinônimo de slur ou de snarl (que, aliás, são termos de gravidades diferentes), mas meio que serve para o mesmo fim: falar que certa palavra ou que certo termo carrega algum estigma, geralmente ligado com opressão.

Geralmente, são palavras a serem evitadas, mas tem vezes que o problema é o contexto e não a palavra em si.

Palavras estigmatizadas usadas como xingamento podem ser ressignificadas, ou seja, serem usadas como palavras de significado positivo para as pessoas daquela comunidade, mas só cada pessoa daquela comunidade pode decidir se algo vai ser ressignificado ou não.

Por exemplo, pessoas neurodivergentes de neurodivergências categorizadas como transtornos de desenvolvimento podem se descrever e dar significados positivos a palavras como retardade e imbecil; já pessoas neurotípicas não têm o direito de decidirem que vão continuar usando essas palavras, mas com outros significados (ainda que positivos).

Policiamento de tom, tone policing

É quando reclamam do tom em que uma mensagem importante está sendo dita.

Por exemplo, quando uma mulher trans diz "pessoas cis estão nos matando" e uma pessoa cis se ofende com a generalização ao invés de considerar o que poderia fazer para impedir mais violência transmisógina de acontecer.

Política de identidade, política da identidade, política identitária, identity politics

Qualquer ideia política que considere que grupos identitários diferentes possuem demandas ou interesses em comum entre si que não são necessariamente compartilhados com o resto da população é relacionada com política de identidade.

Isso não significa que só grupos progressivos usem políticas de identidade ao seu favor. Cotas para quem estudou em escola pública são uma política identitária, mas segregação racial também é uma política identitária.

É possível usar este tipo de política de formas diferentes. Algumas pessoas só consideram que existem interesses políticos em comum, outras consideram que as experiências de certos grupos também. Algumas pessoas usam a falta de alguma experiência como prova de que a pessoa não é realmente de certo grupo. Algumas acreditam que só certas pessoas podem usar certos termos ou falar sobre certos assuntos.

Algumas das críticas contra políticas identitárias são válidas, mas outras estão basicamente ignorando a realidade. Isso é porque política identitária é um termo extremamente amplo, que cobre qualquer coisa relacionada a identidades/grupos sociais.

Privilégio

Em contextos de justiça social, privilégio se refere a não sofrer pessoalmente efeitos de certa opressão, ou de não sofrer tanto quanto um grupo marginalizado no mesmo eixo.

Por exemplo, um homem cis querendo se identificar como homem não passa por tantos questionamentos e riscos ao fazer isso do que um homem trans. Portanto, o homem cis tem privilégio; privilégio cis, neste caso.

Problemátique, problemática, problemático

Uma coisa problemática é alguma coisa que tem algum problema (por exemplo, um carro que estraga muito pode ser chamado de problemático). Em contextos de justiça social, geralmente isso se refere a alguém ou algo que contribui com opressão.

Porém, é recomendável só usar esta palavra em casos onde não há outra. "Essa pessoa é problemática" pode se referir tanto a "essa pessoa está inventando termos o tempo todo só para confundir pessoas, o que pode atrapalhar esforços de educação mas não necessariamente contribui com opressões" quanto a "essa pessoa é violentamente transmisógina, racista e capacitista". Isso faz com que seja muito difícil julgar o que alguém quer dizer quando só diz que algo ou alguém é problemátique.

R

Racializade, pessoa racializada

Um termo para todas as pessoas não-brancas, que inclui pessoas indígenas, negras, asiáticas e outras que não possuem acesso ao privilégio branco.

Reply guy

Um título geralmente dado a homens que acham que qualquer postagem pública (especialmente de mulheres) é um convite a um debate ou um pedido de ajuda; e que muitas vezes respondem com familiaridade demais e flertando. Por exemplo, uma mulher posta sobre ter dificuldade numa parte de um jogo, sem estar pedindo ajuda, e homens que ela nem conhece aparecem para dizer que esse é "o custo de jogar jogos de verdade", ou sugerindo que jogue um jogo mais simples, ou qualquer coisa assim.

Isso pode parecer inocente, mas geralmente carrega o julgamento de que "homens sabem melhor" (mesmo que nem tenham tanto experiência quanto a pessoa sendo respondida), e é potencialmente irritante e assustador, especialmente quando muitos homens não levam "pare com isso" ou um bloqueio como uma resposta séria e continuam a tentar interagir com a pessoa.

(Mais leituras sobre isso: Don't Be a 'Reply Guy' / The curse of the Twitter reply guy)

S

Sealioning

É quando alguém ou um grupo faz uma porção de perguntas só para incomodar/tirar o tempo de uma pessoa ou de um grupo, ao invés de realmente querer aprender.