Por que eu escolhi os pronomes que escolhi pra mim?

Um texto curto e direto sobre pronomes pessoais.

  1. Eu não gosto da ideia de usarem ela ou ele pra mim. Sei que nem toda pessoa que usa tais pronomes é binária, mas sinto que muitas pessoas binárias gostam de poder ignorar a não-binaridade das pessoas por meio do uso de tais pronomes.

  2. Eu não gosto muito de pronomes com som fechado pra se referir a mim. Acho que isso pode ter a ver com eu ser lichtgênero: meu gênero é forte e brilhante, não algo a ser escondido. Então não me parece ideal se referir a mim com pronomes como ulu, ilê, yl, etc.

  3. Também não gosto da ideia de que se refiram a mim com algo que é neutro no sentido de ser o mesmo pronome que a pessoa usa para se referir a desconhecides. Novamente, meu gênero não é ambíguo ou desconhecido. Este é um dos motivos pelos quais não me sinto confortável com elu (ou suas variações) ou com ile.

  4. Dito isso, eu não me importo tanto com elx (que pronuncio como el). Talvez porque nunca tenha sido usado como neutro de forma tão abrangente, talvez pela letra X parecer ser ativamente uma marcação contra a linguagem binária de uma forma que elu não parece ser: pensem em genderqueer versus aporagênero. Mesmo assim, elx é um dos pronomes que aceito que menos gosto, e um dos principais motivos de eu aceitar -/elx/x como um dos meus conjuntos é praticidade (de pessoas com dificuldade em usar -/eld/e, mesmo que seja praticamente a mesma lógica), não identificação profunda.

  5. Éli também é um pronome que não gosto tanto, mas que tem gente que prefere usar pra mim porque é “mais intuitivo” em comparação aos meus outros pronomes, especialmente em relação à pronúncia. Considero também que éli talvez represente melhor meu lado inavire: é uma mistura dos sons de ele e ela, mas a grafia fica completamente diferente.

  6. Eld foi um pronome que inventei ao pensar em algo que seguisse o modelo E + L + outra letra, especialmente pensando em algo entre A e E no alfabeto. Na época, eu me via como fisgênero homem/mulher. Depois disso, eld também passou a refletir minha vontade de sair da ideia de pronomes convencionais, justamente por não parecer uma palavra da língua portuguesa.

  7. Elz é um pronome parecido com elx e eld em conceito, mas que tem uma pronúncia mais intuitiva.

  8. Ael é mais recente. E eu tenho um pouco de medo de usarem como munição pra me maldenominar, pelo pronome conter a letra A. Mas também sei que poucas pessoas vão se importar em usar esse pronome pra mim, já que ele também foge das estruturas às quais pessoas que usam ela/ele/elu/ile estão acostumadas.

  9. ⭐ e 🎲 não são pronomes que uso de forma muito ativa: eles foram pensados mais num contexto de quais emojis eu usaria como pronomes. Tanto estrelas quanto dados são padrões que gosto muito desde ao menos a adolescência. Também são ambos símbolos de sorte, o que tem uns significados pessoais pra mim. Finalmente, meu nome é Aster, que significa estrela.

Informações sobre o resto dos meus conjuntos de linguagem pessoal podem ser conferidas aqui.